EDITORIAL
Wescley Silva Xavier
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Caros leitores,
Trazemos a vocês o segundo número de 2017 da Revista Administração Pública e Gestão Social. Antes de apresentarmos os textos que abrem o nono ano da revista, gostaria de destacar algumas mudanças pelas quais a APGS está passando. A primeira delas diz respeito à identidade visual da revista, que para a próxima edição, contará com uma nova logo, em fase final de desenvolvimento. Outro incremento realizado já nesse número é a inclusão do ORCID ID, identificador digital para autores. Por fim, gostaria de comunicar que o professor Leonardo Secchi (UDESC) deixou nosso quadro de Editores Científicos em razão de outros compromissos assumidos. Aproveitamos para agradece-lo pelo valioso trabalho prestado à revista. Para substitui-lo, contamos agora com o professor Marcus Vinícius Peinado Gomes, da University of Exeter.
O primeiro artigo dessa edição é de autoria de Daniel Calbino Pinheiro, Ana Carolina Guerra e Dimiotri Toledo. O papel da educação na transformação das relações de trabalho na Economia Solidária: contribuições a partir da organização coletivista Cecocesola busca fomentar a discussão sobre a educação na cultura do trabalho da economia solidária. A partir de uma observação participante em uma organização venezuelana, os autores trazem elementos empíricos de práticas formativas da cultura do trabalho para além da ideia de eficiência, na medida em que espaços coletivos são criados para transformação de valores culturais.
André Luiz Maranhão de Souza Leão, João Gabriel de Lima Perdigão e Suélen Matozo Franco nos trazem São João de Campina Grande/PB como megaevento: imbricação entre sistema e mundo da vida na mercadorização da cultura. Tomando como objeto o evento homônimo, os autores partem de uma abordagem crítica ancorada na discussão de esfera pública habermasianas para ilustrar a maneira que os elementos modernos são incorporados ao caráter cultural e regional dos eventos, transformando-se em espetáculos, num processo de mercadorização da cultura. De acordo com os autores, é clara primazia da ação estratégica, na qual o consenso do espaço público tende a se diluir nos imperativos políticos e mercadológicos implicados na “profissionalização” de um festejo que nasce na esfera pública.
Na sequência apresentamos O efeito flypaper no financiamento da educação fundamental dos Municípios Paraibanos, de autoria de Josedilton Alves Diniz, Rômulo Henriques de Lima e Vinícius Gomes Martins. No artigo os autores investigam a relação entre o sistema de transferência da educação e a eficiência nos serviços de educação básica dos municípios paraibanos, tendo como base o conceito de flypaper effect. Metodologicamente o trabalho está ancorado em modelos de dados de painel de uma amostra que compreende 208 municípios dos 233 existentes na Paraíba, entre 2009 e 2011. Os resultados indicam que os municípios que têm receitas próprias maiores são mais eficientes, e os municípios que recebem mais recursos do que enviam para o FUNDEB são menos eficientes, portanto, consonantes à literatura dobre o federalismo, que prevê a aplicações de recursos de forma ineficiente devido ao efeito flypaper nas transferências não condicionais e sem contrapartida.
O quarto artigo dessa edição, Desigualdades nas necessidades em saúde entre os Municípios do Estado de Minas Gerais: uma abordagem empírica no auxílio às políticas públicas, é de autoria de Sílvio Ferreira Júnior, Murilo Cássio Xavier Fahel, Cláudia Júlia Guimarães Horta e Juliana Souki Diniz. O objetivo do trabalho é identificar as desigualdades nas necessidades em saúde entre os municípios mineiros. A partir de uma análise fatorial, os autores evidenciam existência de expressivas desigualdades entre os municípios mineiros, mesmo entre aqueles pertencentes à mesma região de saúde. No entanto, as desigualdades são mais expressivas em desfavor das regiões Norte, Nordeste e Jequitinhonha, sendo estas as únicas regiões que apresentam necessidades acima da média do estado.
O quinto artigo desta edição é de autoria de Katia Denise Moreira, Luci Mari Aparecida Rodrigues e Ilane Frank Dias. Em A participação social na implantação do curso de Licenciatura em Educação do Campo na Universidade Federal de Santa Catarina as autoras investigam o processo de implementação do referido curso, em particular, no que diz respeito à participação social. A partir de um estudo qualitativo, concluíram que o processo atendeu os critérios de qualidade da participação elencados, não obstante identificarem certo distanciamento dos movimentos sociais em relação ao acompanhamento das políticas e ações inerentes ao curso.
Para fechar essa edição, Andressa Centeraro, Angela Bonemberger, Tainara Sartori e Julio Cesar Ferro de Guimarães nos trazem o caso para ensino O futuro do Hospital Nossa Senhora está em suas mãos. O caso permite trabalhar a tomada de decisões em organizações sem fins lucrativos complexas e com fortes restrições, como um hospital. A proposta convida a um instigante enfrentamento de crises financeiras, atrelados aos problemas da gestão pública e do Sistema único de Saúde.
Boa Leitura
Wescley Silva Xavier
Editor-Chefe