A SEMÂNTICA ‘NEGATIVA’ DO LIXO COMO ASPECTO ‘POSITIVO’ — UM ESTUDO DE CASO SOBRE UMA ASSOCIAÇÃO DE RECICLADORES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

Autores

  • Maria Scarlet do Campo UNIGRANRIO

DOI:

https://doi.org/10.21118/apgs.v1i2.4001

Palavras-chave:

Semântica do lixo, Capital social, Catador

Resumo

O presente trabalho trata de um estudo de caso junto a um grupo de catadores autônomos da cidade do Rio de Janeiro. Ele teve como objetivo investigar a influência da semântica negativa do lixo no processo de construção de capital social entre seus membros. Os resultados sugerem uma ausência de confiança em si (baixo capital social união) e nos demais atores da cadeia da reciclagem (baixo capital social ponte), sendo a atuação de uma ONG imprescindível (elevado capital social conexão) para o êxito do grupo. O interesse pelo lixo por diferentes segmentos sociais (como algo de valor) parece ameaçar a subsistência desses catadores de modo que a semântica negativa do lixo, nesse ponto, tende a ser, segundo eles, mais favorável do prejudicial à subsistência, contrariamente às suposições iniciais. Se por um lado essa semântica diminui suas capacidades de articulação com o comprador, por outro, é no sentimento de repulsa que eles admitem ter garantias à sua subsistência, a medida que outros segmentos sociais também se interessam pelo mesmo. Reputação, identificação com o trabalho e busca pelo reconhecimento social emergem como aspectos que justificam o êxito do grupo investigado.

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Biografia do Autor

Maria Scarlet do Campo, UNIGRANRIO

Doutora em Administração pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (EBAPE/FGV) Professora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Administração da Escola de Gestão e Negócios da Universidade do Grande Rio (PPGA/EGN/UNIGRANRIO)

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Sites consultados
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Publicado

2010-07-20

Como Citar

Scarlet do Campo, M. (2010). A SEMÂNTICA ‘NEGATIVA’ DO LIXO COMO ASPECTO ‘POSITIVO’ — UM ESTUDO DE CASO SOBRE UMA ASSOCIAÇÃO DE RECICLADORES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, BRASIL. Administração Pública E Gestão Social, 1(2), 121–150. https://doi.org/10.21118/apgs.v1i2.4001

Edição

Seção

Artigos