A SEMÂNTICA ‘NEGATIVA’ DO LIXO COMO ASPECTO ‘POSITIVO’ — UM ESTUDO DE CASO SOBRE UMA ASSOCIAÇÃO DE RECICLADORES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.21118/apgs.v1i2.4001Palavras-chave:
Semântica do lixo, Capital social, CatadorResumo
O presente trabalho trata de um estudo de caso junto a um grupo de catadores autônomos da cidade do Rio de Janeiro. Ele teve como objetivo investigar a influência da semântica negativa do lixo no processo de construção de capital social entre seus membros. Os resultados sugerem uma ausência de confiança em si (baixo capital social união) e nos demais atores da cadeia da reciclagem (baixo capital social ponte), sendo a atuação de uma ONG imprescindível (elevado capital social conexão) para o êxito do grupo. O interesse pelo lixo por diferentes segmentos sociais (como algo de valor) parece ameaçar a subsistência desses catadores de modo que a semântica negativa do lixo, nesse ponto, tende a ser, segundo eles, mais favorável do prejudicial à subsistência, contrariamente às suposições iniciais. Se por um lado essa semântica diminui suas capacidades de articulação com o comprador, por outro, é no sentimento de repulsa que eles admitem ter garantias à sua subsistência, a medida que outros segmentos sociais também se interessam pelo mesmo. Reputação, identificação com o trabalho e busca pelo reconhecimento social emergem como aspectos que justificam o êxito do grupo investigado.
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