Jean-Jacques Rousseau e a herança da naturalização da exclusão das mulheres na cidadania

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22294/eduper/ppge/ufv.v9i3.1036

Palavras-chave:

Crítica feminista. Educação. Releitura de Clássicos. Mulheres cidadãs.

Resumo

Nesse artigo apresentamos alguns aspectos históricos do escritor de Emílio que retratam o seu mundo privado, porém altamente político, segundo nossa análise feminista. Problematizamos um Rousseau que, apesar de ter diversos envolvimentos com mulheres de diferentes classes sociais e com distintas implicações na sua vida, não conseguiu admitir a cidadania das mulheres do seu tempo. Analisamos algumas contribuições pedagógicas de Rousseau pouco conhecidas e debatidas por autoras contemporâneas ao filósofo, a serem repensadas na área da Educação, e desenvolvemos nosso argumento sobre a manutenção de uma educação limitadora da cidadania com requintes preconceituosos e machistas sobre as mulheres por esse autor. Finalmente, destacamos algumas das ideias que acenam para a busca por uma educação cidadã para as mulheres.

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Biografia do Autor

Edla Eggert, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Professora na Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Alexnaldo Rodrigues, Fundação Visconde de Cairu

Doutor em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo. Pesquisador Associado do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia.

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Publicado

2018-12-30

Como Citar

EGGERT, E.; RODRIGUES, A. Jean-Jacques Rousseau e a herança da naturalização da exclusão das mulheres na cidadania. Educação em Perspectiva, Viçosa, MG, v. 9, n. 3, p. 773–792, 2018. DOI: 10.22294/eduper/ppge/ufv.v9i3.1036. Disponível em: https://periodicos.ufv.br/educacaoemperspectiva/article/view/7099. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos