Pedras Paulistanas

a arquitetura hostil a serviço da “bio-necropolítica”

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.32361/2021130312817

Palabras clave:

Arquitetura hostil, Sujeito infame, Pessoa em situação de rua, Necropolítica, Biopolítica

Resumen

Outubro de 2020. A prefeitura da cidade de São Paulo inicia uma obra de concretagem de pedras sob viadutos da Zona Leste da cidade. O argumento? Supostamente evitar o despejo de lixo naqueles locais. Quatro meses mais tarde, os blocos são removidos da paisagem paulistana. A ação revestida de política urbanística, em verdade, possui propósitos excludentes e higienistas, uma das maneiras pelas quais a “bio-necropolítica” se manifesta na sociedade. Através da chamada arquitetura hostil, propõe-se, no presente artigo, atualizar de modo tangível o conceito foucaultiano de biopolítica e estabelecer aproximações com a necropolítica do filósofo camaronês Achille Mbembe. Para tanto, ainda que se recorra a uma metodologia qualitativa de cunho teórico com base etnográfica, é do recente caso das pedras paulistanas que se concretiza o objetivo citado e torna-se possível situar o sujeito infame como maior vítima de uma não-existência, com violações sistemáticas dos seus direitos básicos.

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Biografía del autor/a

Cinthya Raquel de Moura Sousa, Centro Universitário Santo Agostinho

Acadêmica de Direito no Centro Universitário Santo Agostinho. Especialista em Informática na Educação pelo Centro de Educação Aberta e a Distância pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Pedagoga pela UFPI. E-mail: cinthya.raqu3l@gmail.com.

Raian Mateus Castelo Branco Costa, Universidade Estadual do Piauí

Acadêmico de Direito pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Pesquisador vinculado ao Núcleo de Direitos Humanos da UESPI e ao Portal Acadêmico Direito Internacional sem Fronteiras. E-mail: raianmateus100@gmail.com.

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Publicado

08.10.2021

Cómo citar

SOUSA, C. R. de M.; COSTA, R. M. C. B. Pedras Paulistanas: a arquitetura hostil a serviço da “bio-necropolítica”. Revista de Direito, [S. l.], v. 13, n. 03, p. 01–33, 2021. DOI: 10.32361/2021130312817. Disponível em: https://periodicos.ufv.br/revistadir/article/view/12817. Acesso em: 3 jul. 2024.

Número

Sección

Artículos