(In)visível: retratos dos afazeres domésticos no Brasil através das lentes da economia feminista
PICTURES OF DOMESTIC WORK IN BRAZIL THROUGH THE LENS OF FEMINIST ECONOMICS
DOI:
https://doi.org/10.31423/oikos.v36i1.16151Palavras-chave:
Economia Feminista, Gênero e Economia, Trabalho ReprodutivoResumo
A Economia Feminista salienta a compreensão de que as relações econômicas abrangem não apenas o trabalho pago, mas também o assim chamado “trabalho invisível” (reprodutivo): os afazeres domésticos e o trabalho (não remunerado) de cuidado. Gênero é o conceito central nesse tipo de análise. No presente artigo, utilizando esta corrente de pensamento econômico, esmiúça-se o trabalho reprodutivo não remunerado no Brasil, buscando capturar a heterogeneidade dos indivíduos que os realizam. Mediante a utilização de regressões quantílicas, retrata-se a quantidade de trabalho não remunerado associado a diferentes perfis de homens e mulheres. Estes retratos sugerem, por um lado, persistências na reprodução de papeis de gênero (com relação ao tipo de família e à condição de ocupação, por exemplo), mas também indícios de rupturas (como aquelas observadas pela via dos indicadores educacionais).
Downloads
Referências
BARKER, Drucilla. Economists, social reformers and prophets: a feminist critique of economic efficiency. Feminist Economics, v. 1, n. 3, p, 26-39, 1995.
BLAU, Francine.; KAHN, Lawrence. The gender wage gap: extent, trends, and explanations. Journal of Economic Literature, v. 55, n. 3, p. 789-865, 2017.
BRASIL. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Brasília, DF: Senado Federal, 2013.
BORROWMAN, Mary; KLASEN, Stephan. Drivers of gendered sectoral and occupational segregation in developing countries. Feminist Economics, v. 26, n. 2, p. 62-94, 2020.
CAMERON, Adrian Colin; TRIVEDI, Pravin. Microeconometrics: methods and applications. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.
CASTAÑO, Cecilia. Economia y gênero. Politica y Sociedad, v. 32, p. 23-42, 1999.
ENGLAND, Paula. The separative self: androcentric bias in neoclassical assumptions. In: FERBER, Marianne; NELSON, Julie. (ed.) Beyond economic man: feminist theory and economics. Chicago: University of Chicago Press, 1993.
ENRIQUEZ, C. Análise econômica para a igualdade: as contribuições da economia feminista. In: JÁCOME, Márcia Larangeira e VILLELA, Shirley. (Org.) Orçamentos Sensíveis a Gênero: Conceitos. Brasília: ONU Mulheres, p. 133-157, 2012.
FERBER, Marianne; NELSON, Julie (Ed.) Beyond economic man: feminist theory and economics, Chicago: University of Chicago Press, 1993.
GATENS, Moira. Institutions, Embodiment and Sexual Difference. In: GATENS, Moira; MACKINNON, Alison (Ed.) Gender and institutions: Welfare, Work and citizenship. New York: Cambridge University Press, 1998.
HARTMANN, Heidi. The unhappy marriage of Marxism and Feminism: towards a more progressive union. Capital & Class, v. 3, n. 2, p. 1-33, 1979.
HARTMANN, Heidi. Contemporary Marxism: Theory and practice: a feminist critique. Review of Radical Political Economics, v. 12, n. 2, p, 87-94, 1980.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Outras formas de trabalho 2019. Rio de Janeiro: IBGE, 2020.
IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Mulheres e trabalho: breve análise do período 2004-2014. Nota técnica, n. 24. Brasília: Ipea, 2016,
JÁCOME, Márcia Larangeira e VILLELA, Shirley. (Org.) Orçamentos Sensíveis a Gênero: Conceitos. Brasília: ONU Mulheres, 2012.
KOENKER, Roger; BASSET, Gilbert. Regressions quantiles. Econometrica, v. 1, n. 46, p. 33-50, 1978.
KON, Anita. A economia política do gênero: determinantes da divisão do trabalho. Revista de Economia Política, v. 22, n. 3, p. 89-106, 2002.
MADALOZZO, Regina.; SEGANTINI, Priscylla. American way of life e jeitinho brasileiro: como afetam a oferta de trabalho das mulheres? Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 47, n. 3, 2017.
NELSON, Julie. Feminism and economics. The Journal of Economic Perspectives, v. 9, n. 2, p. 131-148, 1995.
OROZCO, Amaia. Economía del género y economía feminista: conciliación o ruptura? Revista Venezolana de Estudios de la Mujer, v. 10, n. 24, p. 43-64, 2005.
PICCHIO, Antonella. Visibilidad analítica y política del trabajo de reproducción social. In: CARRASCO, Cristina. (Ed) Mujeres y economía: Nuevas perspectivas para viejos y nuevos problemas. Barcelona: Icaria, p. 201-244, 1999.
ROBEYNS, Ingrid. Is There a Feminist Economic Methodology?, 2001. Disponível em: https://www.academia.edu/621278/Is_There_A_Feminist_Economics_Methodology. Acesso em 30/01/2021.
SANTOS, Jordan Brasil; BOHN, Liana; ALMEIDA, Helberte João França. O papel da mulher na agricultura familiar de Concórdia (SC): o tempo de trabalho entre atividades produtivas e reprodutivas. Textos de Economia, Florianópolis, v. 23, n.1, p. 1-27, Jan./Jul. 2020.
SCOTT, Joan. Gender: a useful category of philosophical analysis. The American Historical Review, v. 91, n. 5, p. 1053-1075, 1986.
SOARES, Cristiane. As potencialidades da PNAD Contínua para os estudos de gênero: o que há de novo nas análises de afazeres e de cuidados? Anais, XXI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 2018.
WOOLLEY, Frances. The feminist challenge to neoclassical economics. Cambridge Journal of Economics, v. 17, n. 4, p. 485-500, 1993.
WRIGHT, Erik Olin. Interrogating inequality: essays on class analysis. London: Verso, 1994.
WRIGHT, Erik Olin. Class counts: Comparative studies in class analysis. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Oikos: Família e Sociedade em Debate

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista Oikos: Família e Sociedade em Debate. Deve ser consignada a fonte de publicação original. Para a disponibilização e utilização dos artigos em acesso aberto, o periódico adota a licença Creative Commons Attribution 4.0 International Public License: CC BY 4.0. Isso significa que outras pessoas podem compartilhar - copiar ou distribuir o material em qualquer mídia ou formato; adaptar - remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, desde que atribuído o devido crédito, fornecer um link para a licença e indicar se foram feitas alterações" (CC BY 4.0).
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Quanto às questões de plágio, a Oikos utiliza o software de verificação de similaridade de conteúdo – política de plágio (CopySpider) nos artigos submetidos ao periódico.
Ao submeter o artigo, o autor se compromete que os dados relatados no artigo não são resultados de má conduta ética, tais como: dados produzidos, uso indevido de imagens, falsificação, plágio, autoplágio ou duplicidade. O autor declara que nada no artigo infringe qualquer direito autoral ou de propriedade intelectual de outrem, pois, caso contrário, ele poderá responder integralmente por qualquer dano causado a terceiros, em todas as esferas administrativas e jurídicas cabíveis, nos estritos termos da Lei nº 9.610/98