Tecnologias de subjetivação no mundo do trabalho
indústria 4.0 e resistências
DOI:
https://doi.org/10.31423/oikos.v35i3.18985Palavras-chave:
Indústria 4.0, Precarização, Tecnologias de subjetivação, AlgoritimizaçãoResumo
Vivenciamos um cenário de implementação da “Indústria 4.0”, que é caracterizada pela intensificação de processos de automação, algoritmização e plataformização do trabalho. Associada intimamente a uma conjuntura de exacerbação do projeto neoliberal de sociedade, enfrentamos um cenário catastrófico no que diz respeito às precarizações e condições de exploração de trabalhadores no contexto de atuação junto às plataformas digitais. Metodologicamente, este ensaio teórico está amparado na leitura científica e tem por objetivo tecer críticas, problematizações e reflexões sobre as tecnologias de subjetivação no mundo do trabalho, destacando singularidades da indústria 4.0 e possibilidades de resistências dos(as) trabalhadores(as). Por fim, é possível reconhecermos um cenário de intensificação da exploração do trabalho humano em termos que remetem a protoforma do capitalismo, podendo ser nomeada como uma escravidão digital. Apontamos caminhos para resistências, reflexões e críticas frente ao enfraquecimento das mobilizações coletivas e dos direitos trabalhistas e aos prejuízos políticos e psicossociais dos(as) trabalhadores(as).
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