Entre os “povos degenerados” e a “superioridade técnica”
As atribuições do patrimônio arqueológico
Resumo
Na década de 1930, com a criação SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) são estabelecidos marcos temporais e conceituais acerca da origem da política de preservação e do patrimônio nacional. No recorte proposto pelo primeiro diretor do SPHAN, Rodrigo Melo Franco de Andrade, a genuinidade do Brasil estaria na arte barroca e na arquitetura colonial, pois seriam produções de uma civilização com “superioridade técnica”. Esse entendimento, contudo, não era consenso entre os intelectuais que davam relevância ao patrimônio arqueológico. O objetivo desse artigo é, no âmbito dessa disputa silenciosa em torno das hierarquias do patrimônio, relativizar os marcos temporais e conceituais delimitados pelo SPHAN e reiterados pela historiografia do patrimônio.