As margens carnavalescas da insurgência
vínculos entre vira-latas e manifestações políticas no Chile
Resumo
Este artigo busca refletir sobre a composição de margens e bordas carnavalescas nos processos de insurgência que ocorreram no Chile em 2019, destacando como cartazes, lambe-lambes, grafites e murais produziram essas zonas estético-políticos de luta e defesa da democracia. A polifonia paródica e intertextual resultante do entrelaçamento de pessoas, enunciados e cachorros funciona como operador de diferença, conflito e tensão: permitem experimentações e gambiarras que deslocam legibilidades e inteligibilidades, abrindo brechas para o imprevisto. Nas manifestações chilenas, a composição de imagens de manifesto a partir da figuração do Negro Matapacos colocou em prática o exercício da escrita insurgente e a poética do conhecimento popular. As reapropriações e colagens provocaram um excesso de palavras, imagens e gestos para as cenas coletivas e polêmicas de enunciação, evidenciando um princípio de desierarquização dissensual. Buscamos evidenciar como as zonas e bordas imageantes criadas nessas insurgências promoveram uma alteração na distribuição dos discursos e na definição das coordenadas das experiências.