Os Diários de Carolina Maria de Jesus
DOI:
https://doi.org/10.47328/rpv.v12i3.15770Palavras-chave:
Favela, Fome, Pobreza, Consciência crítica, Mulher negraResumo
Resenha crítica acerca da obra Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960) escrita a partir da leitura do livro para uma disciplina optativa intitulada "Relações Étnico-raciais", oferecida pela professora e socióloga Tábata Berg que atuou como substituta no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Viçosa (2019-21). Trata-se de uma descrição analítica e crítica dos cenários simbólicos evocados por Carolina Maria de Jesus (1914-1977) em suas vivências cotidianas permeadas pelas desigualdades e injustiças socioambientais no que se refere ao acesso à cidade, à liberdade e as condições de ir e vir, a atuação do estado em relação a populações marginalizadas e também a forma poética através da qual a autora expressava-se frente seu cotidiano. Nascida em Sacramento (MG) e migrante na favela Canindé, próxima das margens do Rio Tietê em São Paulo, a mãe de três filhos foi atravessada por inúmeras questões evocadoras de reflexões e críticas acerca das razões e emoções motivadoras dos sujeitos a pensarem o mundo e agir nele. A autora escreveu diários de 15 de julho de 1955 à 01 de janeiro de 1960 que foram posteriormente reunidos sob o título em questão, editados e publicados pelo jornalista Audálio Dantas. Os escritos de Carolina evidenciam aspectos histórico-sociais situados num determinado espaço-tempo específicos, o contexto brasileiro pré golpe ditatorial empresarial militar no sudeste do país. As temáticas e paradigmas mais presentes tocados na obra da autora são: a fome, a pobreza e a miséria; a raiva, o desperdício e a classe social; o gênero, a negritude e a escravização; a natureza-cultura e os indivíduos-sociedade; a arquitetura, a literatura e o conhecimento; os livros, a infância, as texturas e os cheiros; o amor e a amizade, a admiração, o ódio e a revolta; a maternidade e os filhos (os seus e os de sua comunidade); a juventude de um modo geral (tal como a classe); a luta, o trabalho, a escassez e a justiça; a política nas figuras da assistência social, do estado e suas regionalidades, instituições e instâncias do poder público e privado, da polícia, do povo brasileiro, dos partidos, do controle e da autoridade; o prestígio, a educação, a solidariedade, a organização e a paz; Deus, a solidão e a vida-morte; os vícios e as contradições; a insatisfação, a irreverência, o preconceito, a opressão e a violência; a corrupção, a luta, a ambição; dentre outros elementos constituintes da realidade social.
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Referências
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Editora Ática, 2018.
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