A importância da ontologia e epistemologia na pesquisa qualitativa:

estruturando um método de estudo de caso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47328/rpv.v13i3.17859

Palavras-chave:

Pesquisa Qualitativa, Ontologia, Epistemologia

Resumo

A pesquisa qualitativa é por vezes criticada pela sua flexibilidade, tendenciosidade, limites de generalização, falta de validade e replicabilidade dos resultados. Entretanto, a pesquisa qualitativa é adequada para explorar a complexidade de fenômenos multifacetados pois permite a investigação aprofundada de problemas de quantificação complexa. Neste sentido, torna-se necessário estruturar as interseções e interdependências ontológicas e epistemológicas de forma a criar um arcabouço robusto para sustentar a pesquisa. Diante desse contexto, tem-se como objetivo geral investigar as bases ontológicas e epistemológicas que sustentam a pesquisa qualitativa, buscando uma compreensão aprofundada das concepções de realidade e do processo de aquisição de conhecimento subjacentes a essa abordagem metodológica. Outrossim, esta pesquisa se ocupa de lançar luz sobre as bases filosóficas da pesquisa qualitativa, promovendo uma compreensão mais profunda e crítica dessa abordagem metodológica e seu impacto na produção de conhecimento científico. Para tanto, utiliza-se de um ensaio teórico, que é uma pesquisa exploratória, buscando aprofundar a compreensão de conceitos e teorias. Um ensaio se concentra na exploração, análise, síntese e interpretação de teorias, conceitos, ideias e conhecimento existente em um campo de estudo específico. Os resultados demonstram que uma estruturação adequada dos aspectos ontológicos e epistemológicos proporcionam um framework robusto para a condução de pesquisas qualitativas com alto nível de validade, confiabilidade e replicabilidade. Em conclusão, esta pesquisa sublinha a relevância de considerar as perspectivas ontológicas e epistemológicas na pesquisa qualitativa. As escolhas filosóficas orientam as decisões metodológicas e têm implicações significativas na validade, credibilidade e qualidade da pesquisa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Cledinaldo Aparecido Dias, Universidade Estadual de Montes Claros

Psicólogo e Administrador. Doutor em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Brasília (PPGA/UnB). Mestre em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Especialista em Gestão Estratégica em Marketing pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e também especialista em Educação à Distância pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Possui graduação em Administração pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e Graduação em Psicologia pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros. É professor Adjunto do Magistério Superior na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e na Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Atualmente atua em dois projetos de pesquisa relacionados à "Economia Criativa, Vulnerabilidade de Negócios e Governança de Políticas Públicas para o Turismo" (Resolução CEPEx/UNIMONTES n 048/2023) e "Saúde mental e trabalho" (Resolução CEPEx/UNIMONTES n 191/2021. Tem experiência na área de Administração Pública e Privada. É líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Administração da Unimontes (GEPAD/Unimontes) e pesquisador membro do Núcleo de Diversidade e Crítica Organizacional da Universidade de Brasília (NUDICO/UnB) e do Núcleo de Estudos em Economia Criativa e Inovação da Unimontes. Foi delegado do Conselho Regional de Administração de Minas Gerais. Atuou com chefe de Departamento de Ensino Superior, coordenador de cursos de graduação e especialização em instituições de Ensino Superior. Sua atuação volta-se para temáticas sobre Economia Criativa e Negócios; Saúde Mental e Trabalho, Comportamento Organizacional, Afetos e emoções na Sociedade Pós-Moderna.

Felipe Fróes Couto, Universidade Estadual de Montes Claros

Professor da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. Membro Permanente dos Programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social (PPGDS) e Pós-Graduação Profissional em Desenvolvimento Econômico e Estratégia Empresarial (PPGDEE). Mestre (2015) e Doutor (2020) em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Bacharel em Administração (2010) pela Unimontes e em Direito (2011) pelo Centro Universitário FIPMoc. MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria (2013) pelas Faculdades IBS-FGV. MBA Executivo Internacional em Direito Tributário (2014) pelas Faculdades IBS-FGV e Fordham Law University. Leciona nos cursos de Administração e Tecnologias em Gestão Pública. Deste último, foi Coordenador de Curso no período entre 2017-2019. Atualmente, é Coordenador do Núcleo de Intercâmbio e Cooperação (NIC-UNIMONTES), Presidente da Comissão de Internacionalização da Universidade (Portaria n089/REITOR2023) e membro da Comissão de Integridade da Universidade (Portara n102/REITOR2023). É líder do Tema 13 - "Funções Político-Sociais das Organizações no Século XXI" da Divisão de Estudos Organizacionais da ANPAD - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração" no período 2021-2024. É, desde 2021, líder da Área de Administração Estratégica (AES) do CASI - Congresso de Administração, Sociedade e Inovação. É, desde 2021, Coordenador da Área de Estudos Organizacionais do AdCont - Congresso Nacional de Administração e Contabilidade. Vencedor dos prêmios: a) Melhor Artigo de Administração Pública no EnANPAD (2021); b) Melhor Artigo de Administração Pública no EnANGRAD (2020); c) Melhor Artigo de Administração da Informação no EnANGRAD (2020); d) Melhor Artigo de Administração Pública no SEMEAD (2015). Desenvolve pesquisas de natureza qualitativa, preferencialmente em abordagens críticas, nos campos de Estudos Organizacionais, Administração Pública e Gestão Estratégica.

Daiana Ransan Martins, Faculdade Santo Ângelo

Possui graduação em administração pela Universidade Comunitária Regional de Chapecó (2008) e Superior em Tecnologia em Gestão Empresarial pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (2002). Especialização em Administração Financeira, Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Financeira Mestrado em Ciências da Educação e Mestrado Profissional em Administração pela Faculdade Pedro Leopoldo MG. Atuou como Coordenadora nos Cursos de Administração e Ciências Contábeis do e também como Diretora de Inteligencia de Mercado. Sócia proprietária das Empresas Play Entretenimento e Play Kids.

João Guilherme Magalhães-Timotio, Universidade Estadual de Montes Claros

Doutor em Administração pelo Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Desenvolvimento Social com ênfase em Relações Socioeconômicas e Estado e Bacharel em Administração pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Atualmente é professor de ensino superior na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e no Centro Universitário UniFIPMoc.

Referências

ADOM, D.; HUSSEIN, E. K.; AGYEM, J. A. Theoretical and conceptual framework: Mandatory ingredients of a quality research. International Journal of Scientific Research, v. 7, n. 1, p. 438-441, jan. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.15373/22778179.

AHMAD, S. et al. Qualitative v/s. quantitative research-A summarized review. Population, v. 1, n. 2, out. 2019. Disponível em: : https //doi.org/10.18410/jebmh/2019/587.

ALVES-MAZZOTTI, A. J. Usos e abusos dos estudos de caso. Cadernos de Pesquisa, v. 36, n. 129, p. 637-651, dez. 2006.

ANDRÉ, M. E. D. A. D. Estudo de caso: seu potencial na educação. Cadernos de Pesquisa, n. 49, p. 51-54, mai. 1984.

BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994.

BRYMAN, A. Social research methods. Oxford: Oxford University Press, 2016.

BURRELL, G.; MORGAN, G. Sociological paradigms and organizational analysis. London: Heinemann Educational Books, 1979.

BUSETTO, L.; WICK, W.; GUMBINGER, C. How to use and assess qualitative research methods. Neurological Research and Practice, v. 2, p. 1-10, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s42466-020-00059-z.

CASTAÑON, G. A. Construcionismo social: uma crítica epistemológica. Temas em Psicologia, v. 12, n. 1, p. 67-81, 2004.

CHIZZOTTI, A. A pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. Revista Portuguesa de Educação, v. 16, n. 2, p. 221-236, 2003.

DANIEL, B. K. Empirical verification of the “TACT” framework for teaching rigour in qualitative research methodology. Qualitative Research Journal, v. 18, n. 3, p. 262-275, mar. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1108/QRJ-D-17-00012.

DA SILVA, D.; LOPES, E. L.; BRAGA JUNIOR, S. S. Pesquisa quantitativa: elementos, paradigmas e definições. Revista de Gestão e Secretariado, v. 5, n. 1, p. 1-18, jan.-abr. 2014. Disponível em: https://doi.org/10.7769/gesec.v5i1.297.

DE PAULA, A. P. P. Repensando os estudos organizacionais: para uma nova teoria do conhecimento. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2016.

DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed, 2006.

DONALDSON, L. Organization theory as a positive science. In: KNUDSEN, C.; TSOUKAS, H. (Ed.). The Oxford handbook of organization theory. Oxford: Oxford University Press, 2003. p. 39-62.

EISENHARDT, K. M. Building theories from case study research. Academy of Management Review, v. 14, n. 4, p. 532-550, 1989. Disponível em: https://doi.org/10.2307/258557.

FINLAY, L. Negotiating the swamp: the opportunity and challenge of reflexivity in research practice. Qualitative Research, v. 2, n. 2, p. 209-230, ago. 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1177/146879410200200205.

FLICK, U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.

FROST, N. et al. Pluralism in qualitative research: the impact of different researchers and qualitative approaches on the analysis of qualitative data. Qualitative Research, v. 10, n. 4, p. 441-460, ago. 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1177/1468794110366802.

GIALDINO, I. V. Ontological and epistemological foundations of qualitative research. Forum Qualitative Sozialforschung/Forum: Qualitative Social Research, v. 10, n. 2, maio 2009. Acesso em: 22 nov. 2023

GOLAFSHANI, N. Understanding reliability and validity in qualitative research. The Qualitative Report, v. 8, n. 4, p. 597-607, Dez. 2003. Disponível em: https://doi.org/10.46743/2160-3715/2003.1870.

GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. 8ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.

GONZÁLEZ, F. E. Reflexões sobre alguns conceitos da pesquisa qualitativa. Revista Pesquisa Qualitativa, v. 8, n. 17, p. 155-183, ago. 2020. Disponível em: https://doi.org/

33361/RPQ.2020.v.8.n.17.322.

GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Paradigmas concorrentes na pesquisa qualitativa. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (Ed.). Manual de pesquisa qualitativa. Londres: Sage, 1994. p. 105-117.

GÜNTHER, H. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 22, p. 201-209, mai-ago. 2006. Disponível em: https://doi.org/10.

/S0102-37722006000200010.

HAYASHI JR, P.; ABIB, G.; HOPPEN, N. Validity in Qualitative Research: A Processual Approach. The Qualitative Report, v. 24, n. 1, p. 98-112, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.46743/2160-3715/2019.3443.

HUSTON, P.; ROWAN, M. Qualitative studies. Their role in medical research. Canadian Family Physician, v. 44, p. 2453, nov. 1998.

KUHN, T. S. The structure of scientific revolutions. Chicago: University of Chicago, 1962.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MADILL, A.; GOUGH, B. Qualitative research and its place in psychological science. In: KAZDIN, A. E. (Ed.). Methodological issues and strategies in clinical research. Washington, DC: American Psychological Association, 2008. p. 437-458.

MARTINS, G. D. A. Estudo de caso. São Paulo: Atlas, 2008.

MENEGHETTI, F. K. O que é um ensaio-teórico? Revista de Administração Contemporânea, v. 15, p. 320-332, mar - abr. 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1415-655520

MILES, M. B.; HUBERMAN, A. M. Qualitative data analysis: an expanded sourcebook. 2nd ed. Thousand Oaks: Sage Publications, 1994.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12. ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 2010.

MOHAJAN, H. Qualitative research methodology in social sciences and related subjects. Journal of Economic Development, Environment and People, v. 7, n. 1, p. 23-48, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.26458/jedep.v7i1.571.

MWITA, K. Factors influencing data saturation in qualitative studies. International Journal of Research in Business and Social Science, v. 11, n. 4, p. 414-420, mai. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.20525/ijrbs.v11i4.1776.

OLLAIK, L. G.; ZILLER, H. M. Concepções de validade em pesquisas qualitativas. Educação e Pesquisa, v. 38, p. 229-242, mar. 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-97022012005000002.

PROLO, I.; LIMA, M. C.; SILVA, L. F. Os desafios na adoção da tradição interpretativista nas ciências sociais. Diálogo, n. 39, p. 25-37, dez. 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.18316/dialogo.v0i39.4110.

RASERA, E. F.; GUANAES, C.; JAPUR, M. Psicologia, ciência e construcionismos: dando sentido ao self. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 17, p. 157-165, 2004.

REES, D. K. Considerações sobre a pesquisa qualitativa. Signótica, v. 20, n. 2, p. 253-274, jun. 2008.

REY, F. L. G. Pesquisa qualitativa e subjetividade: os processos de construção da informação. São Paulo: Thomson, 2005.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2010.

SACCOL, A. Z. Um retorno ao básico: compreendendo os paradigmas de pesquisa e sua aplicação na pesquisa em administração. Revista de Administração da UFSM, v. 2, n. 2, p. 250-269, mai – ago. 2009. Disponível em: https://doi.org/10.5902/198346591555.

SILVEIRA, L.; GOMES, A. B. P. Entre a especificidade e a teorização: a metodologia do estudo de caso. Teoria e Sociedade, v. 22, n. 2, p. 75-103, jul – dez. 2014.

SOARES, S. V.; PICOLLI, I. R. A.; CASAGRANDE, J. L. Pesquisa bibliográfica, pesquisa bibliométrica, artigo de revisão e ensaio teórico em administração e contabilidade. Administração: Ensino e Pesquisa, v. 19, n. 2, p. 308-339, mai- ago. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.13058/raep.2018.v19n2.970.

STAKE, R. E. Case studies. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (Ed.). Handbook of qualitative research. Londres: SAGE, 1994.

THIRY-CHERQUES, H. R. A validade da generalização. Cadernos EBAPE. BR, v. 7, p. 622-628, dez. 2009.

TRIVINOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

WILLIG, C. Perspectives on the epistemological bases for qualitative research. In: COOPER, H. et al. (Ed.). APA handbook of research methods in psychology: Foundations, planning, measures, and psychometrics. Washington, DC: American Psychological Association, 2023. p. 5-22. Disponível em: https://doi.org/10.1037/0000318-001.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman Editora, 2015.

Downloads

Publicado

01-09-2024

Como Citar

PERON DE PAULA, P.; DIAS, C. A.; FRÓES COUTO, F.; RANSAN, D.; MAGALHÃES-TIMOTIO, J. G. A importância da ontologia e epistemologia na pesquisa qualitativa:: estruturando um método de estudo de caso. Revista Ponto de Vista, [S. l.], v. 13, n. 3, p. 01–21, 2024. DOI: 10.47328/rpv.v13i3.17859. Disponível em: https://periodicos.ufv.br/RPV/article/view/17859. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

v. 13 n. 3 (2024)

Seção

Artigos Científicos

Licença

Copyright (c) 2024 Revista Ponto de Vista

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

POLITICA DE ACESSO LIVRE

A revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o principio de disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público e proporcionar a democratização do conhecimento.

A Revista se reserva o direito de efetuar nos originais alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.