O protagonismo das mulheres agricultoras da Zona da Mata e Leste de Minas Gerais na conservação da sociobiodiversidade e na diversificação de estratégias econômicas
DOI:
https://doi.org/10.47328/rpv.v12i3.17226Palavras-chave:
mulheres, agroecologia, economiaResumo
O objetivo desse artigo é compreender e evidenciar a densa vida econômica das mulheres rurais, ressaltando seu papel central na economia familiar, na soberania e segurança alimentar e nutricional e na conservação da sociobiodiversidade. Ele se justifica a partir da percepção de que boa parte das atividades protagonizadas pelas mulheres não é compreendida como “trabalho” produtivo, o que as marginaliza a uma posição acessória às atividades dos homens e invisibiliza sua contribuição para os núcleos familiar e comunitário. Em âmbito teórico, o projeto se apoia na economia feminista crítica, a partir da qual se discutirá a agroecologia e as relações de gênero no meio rural. A pesquisa foi desenvolvida por meio da metodologia qualitativa, baseada em um processo de pesquisação participativa, com o envolvimento de 12 agricultoras familiares da Zona da Mata e Leste de Minas Gerais. Os métodos de coleta de dados foram: Cadernetas Agroecológicas, Questionário de Caracterização Socioeconômica e Mapa da Sociobiodiversidade. Os dados foram tabulados, tratados e avaliados utilizando software Excel. Foi evidenciado que as agricultoras são protagonistas de uma dinâmica social no campo que vai além da geração de renda, mas também provê segurança alimentar e nutricional, preservação e regeneração da sociobiodiversidade.
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