Guardiã ou abusadora? Neoconservadorismo e o lugar da família e da escola na garantia da dignidade sexual de crianças e adolescentes
DOI:
https://doi.org/10.31423/oikos.v35i1.13151Palavras-chave:
Infância, Dignidade Sexual, Família, EducaçãoResumo
Os discursos essencialistas sobre a família, a escola e sobre as funções que assumem na proteção das crianças e adolescentes revelam dualismos que precarizam a colaboração entre estas instituições. Nesse sentido, este trabalho lança um olhar sobre as violações da dignidade sexual de crianças e adolescentes enfocando os papéis destas instituições, entendendo que adquirem sentidos nas dinâmicas sociais e que podem ou não ser espaço seguro, podendo ser, inclusive, espaço violento e abusivo. Para isso, partimos de duas hipóteses: a primeira de que a ascensão do neoconservadorismo – expresso no Projeto “Escola Sem Partido” - é pano de fundo que organiza os cerceamentos do fazer docente; e a de que a família pode ser violadora da dignidade sexual e/ou omissa, cabendo à escola o papel de espaço seguro para a denúncia de violações e garantia dos direitos destas crianças e adolescentes. Metodologicamente lançamos mão das análises de documentos e bibliográfica. Fora possível chegar à conclusão de que no ambiente escolar, à revelia dos discursos neoconservadores e essencialistas, as crianças e adolescente podem encontrar espaço de proteção e construção de aprendizados relativos à garantia da dignidade sexual.
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