Verdade e política: vamos discutir a relação?

Resumo

Partindo-se da herança filosófica de Hannah Arendt, particularmente dos escritos Verdade e política e A mentira na política: considerações sobre os Documentos do Pentágono, procuro nas linhas que se seguem abordar criticamente o tema dos usos da mentira na política. Os textos analíticos da pensadora germano-judia que expressou com vida e obra o terrível século vinte permitem não apenas distinguir as vicissitudes do emprego de verdades e mentiras na política moderna, como lançam luzes sobre a realidade presente e a nossa frágil democracia acossada por embustes massificados. Habitado por outros autores em debate, incluindo-se a visita pontual de Michel Foucault sobre o poder pastoral, o artigo que se apresenta tem a intenção de pautar as contradições do nosso abalado Estado Laico e a modalidade religiosa da lavagem cerebral como uma variedade da arte de mentir típica da modernidade política. Claro está que não dispensaremos um olhar para as eleições presidenciais brasileiras de 2022.