Hannah Arendt explica José J. Veiga
DOI:
https://doi.org/10.47328/rpv.v12i2.15931Palavras-chave:
totalitarismo, regimes ditatoriais, romance brasileiroResumo
Em Origens do totalitarismo (1951), Hannah Arendt propôs considerações decisivas sobre um dos mais complexos modelos políticos do nosso mundo contemporâneo: o totalitarismo, surgido entre as duas guerras e movido pelos estados fascista e comunista. Nesse ensaio, Arendt mostrou que, diferentemente das tiranias e das ditaduras, o totalitarismo conta com o apoio das massas, num projeto que visa sequestrar a consciência do indivíduo em favor do regime político. Essa distinção entre o totalitarismo e a ditadura é altamente reveladora para se compreender a diferença entre o indivíduo submetido à opressão ditatorial e o indivíduo cooptado pelo regime totalitário, sistema que decreta a morte da identidade de quem dele participa. A relação é essencial para se entender a obra do escritor brasileiro José J. Veiga, especialmente em seus romances do chamado “ciclo sombrio”: A hora dos ruminantes (1966), Sombras de reis barbudos (1972), Os pecados da tribo (1976) e Aquele mundo de Vasabarros (1982). Nessa sequência de livros, Veiga investiga os diversos modelos de autoritarismo, considerando que, para além da questão totalitária em si, o autor vivenciou o período da ditadura militar no Brasil. Este artigo busca trazer as conceituações formuladas por Hannah Arendt sobre os diversos modelos de política autoritária e compreender como elas funcionam no “ciclo sombrio” de Veiga.
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