ÒRUN-ÀIYÉ - O “SAGRADO VIVIDO” PELOS MEMBROS DO CANDOMBLÉ E A AFRO-TERRITORIALIDADE: DIÁLOGOS ENTORNO DE UM CAMPO DE POSSIBILIDADES

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18540/revesvl2iss3pp0477-0491

Palavras-chave:

Òrun-Àiyé. Sagrado vivido e sagrado concebido. Concepção de mundo. Afro-territorialidade.

Resumo

O presente artigo tem como principal objetivo promover o debate acerca da concepção de mundo nas tradições dos terreiros de candomblé de nação kétu e, consequentemente, sua implicação na compreensão, organização e estruturação de outras formas de organização territoriais. A partir da sistematização do referencial teórico-conceitual disponível e, ainda, com base em estudos de campo em terreiros de candomblé, sob um viés fenomenológico orientado pelo prisma da afrocentricidade, foi possível identificar que o modelo de organização territorial de tal seguimento religioso rompe com a lógica binária que compreende a relação entre o “espaço sagrado e o espaço profano”, cedendo lugar para o “sagrado vivido” dos membros do candomblé que se remete a relação entre Òrun-Àiyé - a origem do mundo. Tal interpretação possibilita afirmar a existência de outra forma de organização territorial, a qual é orientada pela dinâmica dos corpos dos iniciados em sua forma de se relacionar com o espaço, dinâmica esta, aqui identificada, como sendo uma afro-territorialidade.

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Biografia do Autor

Emerson Costa Melo, Universidade do Estado de Minas Gerais

Doutor em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2019), Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2014), Bacharel, Licenciado em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007). Atuou como Professor de Geografia na rede pública e particular de ensino e como educador/pesquisador no Museu Afro Brasil (MAB-SP). Durante o mestrado foi bolsista CAPES/REUNI no Programa de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (FaE/FIEI/UFMG). Atualmente é Professor no Curso de Licenciatura em Geografia e Coordenador do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG/Carangola). Áreas de interesse: espaço e cultura; relações étnico-raciais; diáspora africana e movimentos de territorialização; territorialidades e identidades afrorreligiosas.

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Publicado

2019-09-30

Como Citar

Melo, E. C. (2019). ÒRUN-ÀIYÉ - O “SAGRADO VIVIDO” PELOS MEMBROS DO CANDOMBLÉ E A AFRO-TERRITORIALIDADE: DIÁLOGOS ENTORNO DE UM CAMPO DE POSSIBILIDADES. REVES - Revista Relações Sociais, 2(3), 0477–0491. https://doi.org/10.18540/revesvl2iss3pp0477-0491

Edição

Seção

Dossies