A Base Nacional Comum Curricular como ferramenta de controle pedagógico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47328/rpv.v13i2.16507

Palavras-chave:

Base Nacional Comum Curricular, Pedagogia das Competências, Neoliberalismo e educação

Resumo

Nos últimos anos, a educação brasileira tem sido marcada pela implementação de políticas pautadas em uma concepção notadamente neoliberal. Dentre elas, destaca-se a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento orientador das propostas curriculares do Brasil. Desde sua elaboração, esse documento tem recebido críticas por parte de diferentes segmentos científicos e políticos, em especial pelo emprego definitivo da pedagogia das competências como matriz teórica a referenciar a organização dos conteúdos. Partindo dessa constatação, o presente artigo assume como objetivo geral o compromisso de evidenciar quais elementos caracterizam a BNCC como uma ferramenta de controle pedagógico sob a vigência de um modelo de educação neoliberal. A definição dos objetivos específicos também serviu para orientar as discussões apresentadas em cada seção, estando organizadas do seguinte modo: na primeira seção buscou-se apontar as origens e as premissas da doutrina neoliberal, visando identificar as concepções dirigidas à educação. Na segunda seção buscou-se argumentar como a pedagogia das competências corresponde à corrente que melhor traduz, em termos pedagógicos, os princípios neoliberais. Por fim, os esforços ocorreram no sentido de reconhecer o avanço da agenda neoliberal sobre as políticas educacionais brasileiras, considerando a BNCC como uma nova etapa desse projeto reformador. O procedimento metodológico adotado consistiu na pesquisa histórico-bibliográfica e a síntese obtida permitiu não apenas reforçar a ideia inicial a respeito da natureza e objetivos da BNCC, como reconhecer quais de seus elementos corroboram com a concepção de uma educação pautada pelo individualismo e incentivo à competitividade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALVES, G. Trabalho e Mundialização do Capital: a nova degradação do trabalho na Era da globalização. 2 ed. londrina: Práxis, 1999.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO (ANPED); ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CURRÍCULO (ABDC). Exposição de Motivos: BNCC-EM. Disponível em: ttp://www.anped.org.br/sites/default/files/images/anped_abdc_contrabncc-emago2018final.pdf . Acesso em: 13 mai. 2021.

ARAÚJO, R.M.L. As referências da pedagogia das competências. Perspectiva, Florianópolis, v. 22, n. 02, p. 497-524, jul.-dez. 2004. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/9664. Acesso em 12 mai. 2021.

BANCO MUNDIAL. Prioridades y estrategias para la educación: estudio sectorial del Banco Mundial. Washington, D.C.: Banco Mundial, 1995. 140 p.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 2014. Disponível em: Http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 12 mai. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Por uma política curricular para a educação básica: contribuição ao debate da base nacional comum a partir do direito à aprendizagem e ao desenvolvimento: versão preliminar. Brasília: Secretaria de Educação Básica/Diretoria de Currículos e Educação Integral, 2014b.

COUTO, M. A. C. Princípios de organização curricular da geografia na escola brasileira. Terra Livre. São Paulo, vol.1, n 44 p. 144-176, 2017. Disponível em: https://www.agb.org.br/publicacoes/index.php/terralivre/article/view/620/742. Acesso em: 12 mai. 2021.

DUARTE, N. Luta de classes, educação e revolução. In: Pedagogia histórico-crítica e luta de classes na educação escolar. SAVIANI, D.; DUARTE, N. (Orgs). Campinas: Autores Associados, 2012. p. 149-166.

FREITAS, L. C. Os reformadores empresariais da educação e a disputa pelo controle do processo pedagógico na escola. Educação e Sociedade, Campinas, v. 35, n. 129, p. 1085-1114, out.-dez. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/es/v35n129/0101-7330-es-35-129-01085.pdf. Acesso em: 12 mai. 2021.

FRIGOTTO, G. Educação, crise do trabalho assalariado e do desenvolvimento: teorias em conflito. In.: FRIGOTTO, G. (Org.). Educação e crise do trabalho: perspectivas de final de século. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998, p.25-54.

GENTILI, P. Educar para o desemprego: a desintegração da promessa integradora. In: FRIGOTTO, G. (Org.). Educação e crise do trabalho: perspectivas de final de século. São Paulo: Vozes, 1998. p. 76-99.

GENTILI, P. Retórica de la desigualdad: los fundamentos doctrinarios de la reforma educativa neoliberal. 1998. Tese (Doutorado em Filosofia). Facultad de Filosofía y Letras, Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires, 1998b.

KRAWCZYK, N. Políticas de regulação e mercantilização da educação: socialização para uma nova cidadania. Educação & Sociedade, Campinas, v. 26, n. 92, p. 799–819, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-73302005000300005&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 11 mai. 2021.

MACEDO, E. Base Nacional Curricular Comum: novas formas de sociabilidade produzindo sentidos para educação. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 12, n. 03. p.1530-1555, out.-dez. 2014. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/21666. Acesso em: 12 mai. 2021.

MACHADO, L. R. S. O modelo de competências e a regulamentação da Base Curricular Nacional e de organização do Ensino Médio. Trabalho & Educação, [S. l.], v. 4, p. 79–95, 2013. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/trabedu/article/view/9100. Acesso em: 29 mar. 2021

MACHADO, L. R. S. A institucionalização da lógica das competências no Brasil. Pro-Posições, Campinas, SP, v. 13, n. 1, p. 92–110, jan.-abr. 2002. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8643971. Acesso em: 12 mai. 2021.

MARTINS, A. Formulações da classe empresarial para a formação humana: da educação política à educação escolar. Revista Contemporânea de Educação, v. 10, n. 20, p. 291 a 313. 2015. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/2216. Acesso em: 12 mai. 2021.

MARTINS, L. M., LAVOURA, T. N. Materialismo histórico-dialético: contributos para a investigação em educação. Educar em Revista, Curitiba, v. 34, n. 71, p. 223-239, set./out., 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/er/v34n71/0104-4060-er-34-71-223.pdf. Acesso em: 10 mai. 2021.

MORAES, A.C.R.; COSTA, W.M. Geografia Crítica: A valorização do espaço. 3 ed. São Paulo: Editora Hucitec, 1993. 196 p.

PAULANI, L.M. O projeto neoliberal para a sociedade brasileira: sua dinâmica e seus impasses. In: LIMA, J.C.F., e NEVES, L.M.W., org. Fundamentos da educação escolar do Brasil contemporâneo [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2006, p. 67-107. Disponível em: http://books.scielo.org/id/j5cv4/pdf/lima-9788575416129-04.pdf. Acesso em: 10 mai. 2021.

PEREIRA, Rodrigo da Silva. A política de competências e habilidades na educação básica pública: relações entre Brasil e OCDE. 2016. 284 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

PIRES, M. D. M. A influência empresarial na política curricular brasileira: um estudo sobre o Movimento pela Base Nacional Comum. Dissertação (mestrado acadêmico), Universidade Federal de Juiz de Fora, Programa de Pós-Graduação em Educação, 2020.

PONCE, A. Educação e luta de classes. Tradução de José Severo de Camargo Pereira. 23 ed. São Paulo: Cortez, 2010. 197 p.

ROPÉ, F. TANGUY, L. Saberes e competências: o uso de tais noções na escola e na empresa. Tradução de Patrícia Chittoni Ramos e equipe do ILA-PUC/RS. Campinas: Papirus, 1997, 207p.

SAVIANI, D. Trabalho e Educação: fundamentos ontológicos e históricos. Revista Brasileira de Educação, Campinas, v. 12, n.34, p. 152-180, jan-abr. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n34/a12v1234.pdf. Acesso em: 10 mai. 2021.

SAVIANI, D. O Plano de Desenvolvimento da Educação: análise do projeto do MEC. Educação & Sociedade. Campinas, vol. 28, n. 100, p. 1231-1255, out. 2007b. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/es/v28n100/a2728100.pdf. Acesso em: 12 mai. 2021.

VALLADARES, M. T. R.; GIRARDI, G.; NOVAES, I. F. A Geografia na Base Nacional Comum Curricular: panorama geral da construção da primeira e segunda versões da BNCC. Giramundo, Rio de Janeiro, v. 3, n. 6, p. 7-18, jul.-dez. 2016. Disponível em: https://www.cp2.g12.br/ojs/index.php/GIRAMUNDO/article/view/1661/1188. Acesso em: 12 mai. 2021.

Downloads

Publicado

15-05-2024

Como Citar

LEANDRO MESQUITA, A.; FERNANDA CANTOIA, S. A Base Nacional Comum Curricular como ferramenta de controle pedagógico. Revista Ponto de Vista, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 01–21, 2024. DOI: 10.47328/rpv.v13i2.16507. Disponível em: https://periodicos.ufv.br/RPV/article/view/16507. Acesso em: 7 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos Científicos