A ECONOMIA POPULAR ENTRELAÇADA COM A ECONOMIA CAPITALISTA: O CASO DOS METALÚRGICOS ORGANIZADOS EM PEQUENAS UNIDADES DE PRODUÇÃO DA SERRA GAÚCHA

Autores

  • Ivan Livindo de Senna Corrêa Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Colégio de Aplicação
  • Maria Clara Bueno Fischer Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação

DOI:

https://doi.org/10.18540/revesvl1iss2pp0223-0239

Palavras-chave:

Economia popular. Trabalho metalúrgico. Cooperação. Reprodução do capital

Resumo

Este artigo faz parte dos estudos de doutorado em educação e tem como objetivo analisar as relações entre as cooperações simples, solidária e comunitária estabelecidas pelos trabalhadores metalúrgicos organizados em pequenas unidades produção da Serra Gaúcha. Essas relações constituem o que estamos denominando de entrelaçamento da economia popular com a economia capitalista. Como estratégia investigativa, realizou-se: uma observação participante junto a seis pequenas unidades de produção localizadas nos municípios de Canela-RS e Caxias do Sul-RS; e uma entrevista semiestruturada com dez trabalhadores que concordaram em participar da pesquisa. Os dados foram analisados com base no materialismo histórico e dialético. Como resultado da investigação observou-se que, a sobrevivência das pequenas unidades de produção depende das redes de cooperação solidárias onde a existência de trabalho não remunerado garante a permanência desses trabalhadores no setor metalomecânico. Observou-se também, que o capital captura as relações solidárias como estratégia de valorização para a sua reprodução ampliada. Também se observou singularidades que estabelecem relações da economia popular e solidária que priorizam a reprodução ampliada da vida que, embora alimente a reprodução do capital transcende essa lógica de acumulação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ivan Livindo de Senna Corrêa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Colégio de Aplicação

Possui graduação em Educação Física Licenciatura Plana pela Universidade Federal de Santa Maria (1990), mestrado em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria (2000) e doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014). Atualmente é professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Maria Clara Bueno Fischer, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1982), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1987), doutorado em Educação - University of Nottingham (1997) e pós-doutorado em educação realizado na Universidade de Lisboa em 2009. É professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul atuando no Departamento de Estudos Especializados e no Programa de Pós Graduação em Educação da Faculdade de Educação . Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Tópicos Específicos de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: trabalho-educação, saberes e trabalho, educação do trabalhador, educação de jovens e adultos; educação profissional. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Lider do Grupo de Pesquisa Trabalho, Educação e Conhecimento.

Referências

ALBURQUERQUE, Paulo Peixoto. Redes de cooperação. In. CATTANI, Antônio David; HOLZMANN, Lorena. (Orgs.). Dicionário de trabalho e tecnologia. Porto Alegre: Zouk, 2011. p. 307-310.
ALVES, Giovanni. Trabalho e subjetividade: o espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo, 2011. 164 p.
ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação: negação do trabalho. 3 ed. São Paulo: Boi-tempo, 2009. 287 p.
CORAGGIO, José Luiz. Da economia dos setores populares à economia do trabalho. In.KRAYCHET, Gabriel; LARA, Francisco; COSTA, Beatriz (Orgs.). Economia dos setores populares: entre a realidade e a utopia. Petropolis: Vozes; Rio de Janeiro: Capina; Salvador: CESE: UCSAL, 2000. p. 91-141.
CORRÊA, Ivan Livindo de Senna. Autonomia, cooperação e conhecimento na experiência de trabalho de metalúrgi-cos da Serra Gaúcha. Porto Alegre: UFRGS, 2014. (Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS em maio de 2014).
ENGUITA, Mariano Fernández. A face oculta da Escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
FISCHER, Maria Clara; TIRIBA, Lia. Saberes do Trabalho Associado. In. CATTANI, Antônio David; et. all. Dicioná-rio internacional da outra economia. São Paulo: Almedina, 2009. p. 293-298.
KRAYCHETE, Gabriel. Economia dos setores populares: entre a realidade e a utopia. In.KRAYCHET, Gabriel; LARA, Francisco; COSTA, Beatriz (Orgs.). Economia dos setores populares: entre a realidade e a utopia. Petropolis: Vozes; Rio de Janeiro: Capina; Salvador: CESE: UCSAL, 2000. p. 15-37.
KRAYCHETE, Gabriel; SANTANA, André. Economia dos setores populares e inclusão socioprodutiva: conceitos e políticas públicas In. Mercado de trabalho: conjuntura e análise / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Ministério do Trabalho e Emprego. n.52, agosto, 2012. Brasília: Ipea: MTE, 2012. p. 55-62.
KUENZER, Acácia Zeneida. Exclusão includente e inclusão excludente: a nova forma de dualidade estrutural que objetiva as novas relações entre educação e trabalho. In: SAVIANI, Dermeval; SANFELICE, José Luís; LOMBARDI, João Claudinei. (Orgs.). Capitalismo, trabalho e educação. 3. ed. Campinas: Autores Associa-dos, 2005. p. 77-96.
LUKÁCS, György. História e consciência de classe: estudos sobre a dialética marxista. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 598 p.
MANCE, Euclides André. Redes de Colaboração Solidária. In. CATTANI, Antônio David; et. all. Dicionário interna-cional da outra economia. São Paulo: Almedina, 2009. p. 278-283.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Tradução Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. Livro Primeiro. Vo-lume I. Tomo I (os economistas). 3 ed. São Paulo: Nova Cultura, 1988. 287 p.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Tradução Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. Livro Primeiro. Vo-lume I. Tomo II (os economistas). 2 ed. São Paulo: Nova Cultura, 1985. 306 p.
MÉSZÁROS, István. O poder da ideologia. São Paulo: Ensaio, 1996.
RAZETO, Luis. Economia de solidariedade e organização popular. In. GADOTTI, Moacir; GUITIÉRREZ, Francisco. Educação comunitária e economia popular. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2005. p. 34-58.
SANTOS, Geraldo Márcio Alves dos. Pacto para viver: a mobilização de saberes na produção associada, gestão e organização do processo de trabalho e maquinaria em uma indústria metalúrgica. Niterói: UFF, 2010. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de pós-graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense- UFF, 2010.
THOMPSON, E.P.. A formação da classe operária Inglesa. Volume I. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987a. 204 p.
TIRIBA, Lia. Educação popular e cultura do trabalho: pedagogia(s) da produção associada. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2001. 400 p.
VENDRAMINI, Célia Regina; TIRIBA, Lia. Classe, cultura e experiência na obra de E. P. Thompson: contribuições para a pesquisa em educação. In. 34ª Reunião Anual da ANPEd - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação. Natal-RN: entre 2 e 5 de outubro de 2011. 19 p.

Publicado

2018-08-10

Como Citar

Corrêa, I. L. de S., & Fischer, M. C. B. (2018). A ECONOMIA POPULAR ENTRELAÇADA COM A ECONOMIA CAPITALISTA: O CASO DOS METALÚRGICOS ORGANIZADOS EM PEQUENAS UNIDADES DE PRODUÇÃO DA SERRA GAÚCHA. REVES - Revista Relações Sociais, 1(2), 0223–0239. https://doi.org/10.18540/revesvl1iss2pp0223-0239

Edição

Seção

Trabalho