GOVERNAMENTALIDADE ALGORÍTMICA E SUBJETIVAÇÃO: SOBRE OS RISCOS DA CONSTRUÇÃO DE SUBJETIVIDADES EM UM MUNDO DIGITAL

Autores

  • Rone Eleandro Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (Campus Muriaé)

DOI:

https://doi.org/10.18540/revesvl2iss1pp0001-0016

Palavras-chave:

Governamentalidade Algorítmica. Subjetivação. Mundo Digital. Antoinette Rouvroy.

Resumo

No presente texto busco analisar como o conceito de governamentalidade desenvolvido por Michel Foucault foi reapropriado em um novo e perspicaz modo de governo analisado pela filósofa Antoinette Rouvroy. Partindo das análises de Foucault Rouvroy busca comprovar que atualmente está em processo a instalação de um tipo completamente novo de governamentalidade que age através da otimização algorítmica dos comportamentos, das relações sociais e da própria vida dos indivíduos. O processo de “digitalização do mundo” fornece o fundamento desta “governamentalidade algorítmica” visto que os inúmeros vestígios numéricos (os dados) de nossos comportamentos, que proliferam na internet, formam um conjunto de informações tidas como mais refinadas, objetivas e que falam da realidade como ela é. Por sua objetividade a “governamentalidade algorítmica” opera através de três momentos que permitem seu funcionamento e a desviam de toda interpretação dos fenômenos, de representação do mundo e de construção de subjetividade: a dataveillance, a datamining e o profiling. Entre os “benefícios” pretendidos com a “governamentalidade algorítmica” estão a eliminação, graças aos cálculos algoritmos, de todo risco, de toda imprevisibilidade e de todo perigo. Isso aumenta a capacidade de predição dos comportamentos futuros dos indivíduos levando, no campo da segurança pública, à diminuição da ocorrência de crimes e ao amplo controle de condutas desviantes. Contrariando esta perspectiva Rouvroy ressalta que um governo alicerçado em dados digitais pode levar à constituição de uma sociedade sem vida, à eliminação de qualquer representação do mundo e, no limite, à extinção dos sujeitos e das subjetividades.

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Biografia do Autor

Rone Eleandro Santos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (Campus Muriaé)

Mestre em Filosofia Social e Política (FAFICH/UFMG). Professor de Filosofia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (Campus Muriaé). Pesquisa principalmente as relações entre Política, Filosofia, Tecnologia e Internet.

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Publicado

2019-02-18

Como Citar

Santos, R. E. (2019). GOVERNAMENTALIDADE ALGORÍTMICA E SUBJETIVAÇÃO: SOBRE OS RISCOS DA CONSTRUÇÃO DE SUBJETIVIDADES EM UM MUNDO DIGITAL. REVES - Revista Relações Sociais, 2(1), 0001–0016. https://doi.org/10.18540/revesvl2iss1pp0001-0016

Edição

Seção

General Papers/Artigos