O comportamento dos alunos na escola e sua relação com a violência doméstica na percepção dos educadores
Resumo
A violência doméstica contra a mulher é uma questão histórica e resultante de uma cultura machista e discriminatória, uma realidade que afeta toda estrutura familiar, podendo desencadear uma série de problemas para as mulheres e para os filhos que presenciam as agressões no âmbito familiar. Podemos dizer que esses filhos aprendem com cada situação que vivenciam e tendem a reproduzirem as agressões vivenciadas. Desta forma, o presente artigo propõe analisar, através da percepção de educadores de escolas públicas, as consequências que a violência doméstica presenciada pode trazer para a vida dos filhos das mulheres vítimas de violência doméstica. Esta é uma pesquisa descritiva e exploratória, que foi realizada à luz da abordagem qualitativa. Os dados foram coletados por meio de entrevistas fundamentadas em um roteiro semiestruturado. As entrevistas foram realizadas com dez professores, três diretoras e três supervisoras pedagógicas, funcionárias de três escolas públicas do município de Viçosa, Minas Gerais, próximas a bairros com baixo nível socioeconômico, instituições com um perfil condizente com a pesquisa proposta. O resultado das entrevistas permitiu explorar certos questionamentos, como: identificação dos tipos e das consequências das violências presenciadas pelos alunos no âmbito familiar. Nessa perspectiva, podemos considerar que as tensões vividas nas escolas têm relação direta com as experiências traumáticas vividas pelos alunos advindos de famílias desestruturadas e que os educadores, mesmo com poucos recursos, conseguem identificar os problemas que os alunos estão enfrentando e suas repercussões na vida acadêmica e social.
Downloads
Referências
ANDRADE, V. D. A.; LORETO, M. D. S. Família e violência: Caracterização e Interações. In: TEIXEIRA, K. M. D.; GOUVEIA, P. (Org.). Tudo em família: textos, temáticas e discussões. Viçosa, MG: UFV, 2008. p. 46-74.
ARAÚJO, M. F. Atendimento a mulheres e famílias vítimas de violência doméstica. Perfil, Assis, SP, v. 9, p. 5-15, 1996.
AZEVEDO, M. A.; GUERRA, V. N. A. Mania de bater: a punição corporal doméstica de crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo: Iglu, 2001.
BASTOS, A. C. S. Intervenção frente a problemas decorrentes da violência contra a criança no contexto familiar. Revista de Psicologia, n. 13, n. 1/2, p. 77-87, 1995/1996.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. 292 p.
BRASIL. Lei Maria da Penha: Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006, que dispõe sobre mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação Edições Câmara, 2010. 34 p. [882143] CAM.
CARDIA, N. A violência urbana e a escola. Contemporaneidade e Educação, v. 2, n. 2, set. 1997.
CUNHA, R. S.; PINTO, R. B. Violência doméstica: Lei Maria da Penha (Lei no 11.340/2006). São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
DAY, V. P.; TELLES, L. E. B; ZORATTO, P. H.; AZAMBUJA, M. R. F; MACHADO, D. A.; SILVEIRA, M. B.; DEBIAGGI, M.; REIS, M. G.; CARDOSO, R. G.; BLANK, P. Violência doméstica e suas diferentes manifestações. Revista Psiquiatra, Rio Grande do Sul, v. 25, n. 1. p. 9-21, 2003.
HANADA, H. Os psicólogos e a assistência a mulheres em situação de violência. 2007. 222 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, 2007.
JUSTO, J. S. Escola no epicentro da crise social. In: DE LA TAILLE, Y; PEDRO-SILVA, N.; JUSTO, J. S. Indisciplina/disciplina: ética, moral e ação do professor. Porto Alegre: Mediação, 2006, p. 23-54.
MINAYO, M. C. S. Violência social sob a perspectiva da saúde pública social. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, v. 10, p. 7-18, 1994. (Suplemento 1).
MINAYO, M. C. S. Violência e saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.
NOGUEIRA, A. Escola pública e famílias populares: uma relação dissonante. Educação em Revista, UFMG, Belo Horizonte, v. 39, n. 39, p. 41-60, 2004.
PEREIRA, M.A.S. Indisciplina escolar: Concepções dos professores e relações com a formação docente. 2009. 149 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Católica Dom Bosco Campo Grande, MS, 2009.
RAPPAPORT, C. R. Encarando a adolescência. Série Jovem Hoje. 8. ed. São Paulo: Ática, 2006.
RISTUM, M. A violência doméstica contra crianças e as implicações da escola. Temas em Psicologia, v. 18, n. 1, p. 231-232, 2010. Disponível em: <http://www.sbponline. org.br/revista2>. Acesso em: 20 jun. 2013.
RISTUM, M. As marcas da violência doméstica e a identificação por professor do ensino fundamental. Revista Brasileira de Psicologia, Salvador, BA, v. 1, n. 1, p. 3-12, Bahia, 2014. Disponível em http://revpsi.org/wp-content/uploads/2014/01/ristum2014. Acesso em 10 de janeiro de 2015
SANTANA, M. M.; TEIXEIRA, K. M. D.; OLIVEIRA, M. M.; OLIVEIRA, P. R. C.; LINHARES, A. M.; LELIS, C. T.; FREITAS, M. C. P.; ROSADO, A. P. N.; MORAIS, L. S. de. A violência doméstica sob o olhar de mulheres de comunidades populares urbanas, Belo Horizonte, 2008. Disponível em: http://proex.pucminas.br/sociedade inclusiva/Vseminario/Anais_V_Seminario/saude/comu/A%20VIOLENCIA%20DOMESTICA%20SOB%20O%20OLHAR%20DE%20MULHERES%20DE%20COMUNIDADES%20POPULARES%20URBANAS.pdf . Acesso em: 20 jan. 2015.
SANTOS, L. V.; COSTA, L. F. Avaliação da dinâmica conjugal violenta e suas repercussões sobre os filhos. Psicologia: Teoria e Prática, v. 6, n. 1, p. 59-72, 2004.
SIQUEIRA, A. C.; DELL’AGLIO, D. D. Retornando para a família de origem: Fatores de risco e proteção no processo de reinserção de uma adolescente institucionalizada. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, v. 17, n. 3, p. 134-146, 2007.
SILVA, M. R. S.; NUNES, K. S. Avaliação e diagnóstico do processo de reinserção familiar e social de crianças e adolescentes egressos de uma casa de passagem. Cogitare Enfermagem, v. 9, n. 1, p. 42-49, 2004.
SILVA, L. CEVIC: A violência denunciada. 2005. 152 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2005.
WAISELFISZ, J. J. Mapa da violência 2012. Os novos padrões da violência homicida no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari, 2012.
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem. 10. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
VECINA, T.; FERRARI, D. (Org.). O fim do silêncio na violência familiar. Teoria e prática. São Paulo: Agora. 2002.
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista Oikos: Família e Sociedade em Debate. Deve ser consignada a fonte de publicação original. Para a disponibilização e utilização dos artigos em acesso aberto, o periódico adota a licença Creative Commons Attribution 4.0 International Public License: CC BY 4.0. Isso significa que outras pessoas podem compartilhar - copiar ou distribuir o material em qualquer mídia ou formato; adaptar - remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, desde que atribuído o devido crédito, fornecer um link para a licença e indicar se foram feitas alterações" (CC BY 4.0).
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Quanto às questões de plágio, a Oikos utiliza o software de verificação de similaridade de conteúdo – política de plágio (CopySpider) nos artigos submetidos ao periódico.
Ao submeter o artigo, o autor se compromete que os dados relatados no artigo não são resultados de má conduta ética, tais como: dados produzidos, uso indevido de imagens, falsificação, plágio, autoplágio ou duplicidade. O autor declara que nada no artigo infringe qualquer direito autoral ou de propriedade intelectual de outrem, pois, caso contrário, ele poderá responder integralmente por qualquer dano causado a terceiros, em todas as esferas administrativas e jurídicas cabíveis, nos estritos termos da Lei nº 9.610/98