Trabalho doméstico: reprodução e resistência
Resumo
Nesse artigo o objetivo foi conhecer o lugar social do trabalho doméstico para as mulheres. O estudo foi realizado com três mulheres migrantes, de baixa escolaridade e de classe média baixa, residentes no bairro Santo Antônio, Viçosa-MG. Fundamentando-se na abordagem qualitativa, recorreu-se às técnicas da observação do cotidiano familiar e da entrevista aberta. A análise dos dados ocorreu após a transcrição das entrevistas, do registro das observações em diários de campo, da sistematização e da categorização temática. Os resultados evidenciaram que por meio do trabalho doméstico são reproduzidos os papéis sociais femininos; sua execução assume o caráter de “obrigação” para a mulher, ao passo que, para o homem possui o caráter de “ajuda”. Entretanto, nas relações cotidianas as mulheres exercem micro poderes, desmistificando a imagem do homem-controlador do lar. Concluiu-se que o trabalho doméstico é representado por elas como parte constituinte da identidade social feminina.
Downloads
Referências
BERNARDINO-COSTA, J. Migração, trabalho doméstico e afeto. Cadernos pagu (39), jul.-dez., 2012, p.447-459.
BRITO, J. C. de; D'ACRI, V. Referencial de Análise para Estudo da Relação Trabalho, Mulher e Saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.7, n.2, p. 201- 214, abr/jun, 1991.
BRUSCHINI, M. C. A. e ROSEMBERG, F. A Mulher e o Trabalho. In: Trabalhadoras do Brasil, São Paulo: Brasiliense, Fundação Carlos Chagas, p. 9-22, 1982.
BRUSCHINI, M.C. A.; RICOLDI, A. M. Revendo estereótipos: o papel dos homens no trabalho doméstico. Estudos Feministas, Florianópolis, 20(1): 344, janeiro-abril/2012, p.259-287.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. 25. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2008.
GIARD, L. Artes de nutrir. In: CERTEAU M.; GIARD, L. (Orgs), A invenção do Cotidiano 2. Petrópoles, RJ: Vozes, 2003.
HILLESHEIM, B. Trabalho doméstico “o serviço de sempre”. In: STREY, M. N.; CABEDA, S. T. L.; PREHN, D. R. (orgs). Gênero e Cultura: Questões contemporâneas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004, p. 39-52.
HIRATA, H.; ZARIFIAN, P. O conceito de trabalho. In: Trabalho e cidadania ativa para as mulheres: desafios para as Políticas Públicas. São Paulo: Coordenadoria Especial da Mulher, 2003.
JODELET, D. Representações sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, D. (ed.) Les representations sociales. Paris: PUF, 1989, p. 31-61.
JOVCHELOVITCH, S.; BAUER, M. W.. Entrevista Narrativa. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
KERGOAT, D. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: EMÍLIO, M. et al. (org.), Trabalho e cidadania ativa para as mulheres – desafios para as políticas públicas. São Paulo: Coordenadoria Especial da Mulher, 2000.
KOFES, S.; PISCITELLI, A. Memórias de historias femininas, memórias e experiências. Cadernos Pagu, p.343-354, 1997.
KOSMINSKY, E. V; SANTANA, J. N. Crianças e jovens e o trabalho doméstico: a construção social do feminino. Sociedade e cultura, v. 9, n. 2, jul./dez. 2006, p. 227-236.
LAGO, M.C.S. et al. Gênero, gerações e espaço doméstico: trabalho, casa e família. Paideia, v. 19, n. 44, set.-dez. 2009, p. 357-366.
MARX, K. O processo de trabalho e o processo de produzir mais valia. In: O capital, crítica da Economia Política. 1 ed. Difel, São Paulo, 1984, p. 201-223.
MELO, H. P. de; CONSIDERA,C. M.; DI SABBATO, A. Os afazeres domésticos contam. Rev. Economia e Sociedade, Campinas, v. 16, n. 3 (31), dez. 2007, p. 435-454.
MELO, H. P; PESSANHA, M. C.; PARREIRAS, L. E. Da cozinha para o mercado – a evolução dos rendimentos dos trabalhadores domésticos nos anos 90. Gênero, Niterói, v.2, n.2, 1º sem. 2002, p. 47-60.
MITCHEL, J. Modelos familiares. 1972. In: CANEVACCI, M. (org.). Dialética da Família. 1. ed. Brasiliense, 1985.
PINHEIRO, Z. A. C. O gênero da casa: vivências masculinas no espaço doméstico. 179f. Dissertação (Mestrado em Economia Doméstica) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2009.
ROCHA-COUTINHO, M. L. Tecendo por trás dos panos: A mulher brasileira nas relações familiares. Rio de Janeiro, Ed. Rocco, p. 249, 1994.
SANTANA, M; DIMENSTEIN, M. Trabalho doméstico de adolescentes e reprodução das desiguais relações de gênero. Psico-USF, v. 10, n. 1, jan./jun. 2005, p.93-102.
SILVA, E. B. Des-contruindo gênero em Ciência e tecnologia. Cadernos Pagu,1998.
SILVA, T. M. G. Divisão do trabalho doméstico: uma questão de gênero. IV Congresso Internacional de História. Maringá, Paraná, 9 a 11 set. 2009.
SILVEIRA, C. M. H.; OSTERNE, M. S. F. A mulher é Eva, o homem é Adão? Reflexões sobre o significado de ser homem e de ser mulher na sociedade. Caderno Espaço Feminino, v. 27, n. 1 - Jan/Jun. 2014, p. 1-18.
VARGAS, S. M; ROTENBERG, S. Identidade e trabalho doméstico feminino invisível. Trevo, v.1, n.2, 2011. Disponível em: < http://seer.ucp.br/seer/index.php?journal=trevo&page=article&op=viewFile&path%5B%5D=91&path%5B%5D=80 > Acesso em: 15 out. 2014.
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista Oikos: Família e Sociedade em Debate. Deve ser consignada a fonte de publicação original. Para a disponibilização e utilização dos artigos em acesso aberto, o periódico adota a licença Creative Commons Attribution 4.0 International Public License: CC BY 4.0. Isso significa que outras pessoas podem compartilhar - copiar ou distribuir o material em qualquer mídia ou formato; adaptar - remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, desde que atribuído o devido crédito, fornecer um link para a licença e indicar se foram feitas alterações" (CC BY 4.0).
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Quanto às questões de plágio, a Oikos utiliza o software de verificação de similaridade de conteúdo – política de plágio (CopySpider) nos artigos submetidos ao periódico.
Ao submeter o artigo, o autor se compromete que os dados relatados no artigo não são resultados de má conduta ética, tais como: dados produzidos, uso indevido de imagens, falsificação, plágio, autoplágio ou duplicidade. O autor declara que nada no artigo infringe qualquer direito autoral ou de propriedade intelectual de outrem, pois, caso contrário, ele poderá responder integralmente por qualquer dano causado a terceiros, em todas as esferas administrativas e jurídicas cabíveis, nos estritos termos da Lei nº 9.610/98