“... Não tem jeito de eu acordar hoje e dizer: hoje eu não vou ser mãe!": trabalho, maternidade e redes de apoio
Resumo
O objetivo deste artigo consistiu em analisar, comparativamente, o processo administrativo da interface família-trabalho remunerado para mães jovens e tardias. A amostra foi composta por docentes e funcionárias ativas da Universidade Federal de Viçosa que foram mães entre os anos de 2000 e 2007, com um recorte etário antes dos 25 e depois dos 35 anos de idade. A coleta se deu por meio de uma entrevista fundamentada em um roteiro semi-estruturado. Os resultados apontaram a falta de planejamento familiar pelas mulheres que vivenciaram a maternidade na juventude, havendo a necessidade de contarem com as redes informais para administrarem os diferentes domínios de sua vida. Ao contrário, as mães tardias, ao planejarem a gravidez para um momento em que gozavam de estabilidade profissional, financeira e, até mesmo, conjugal, fizeram maior uso das redes formais de apoio. Constatou-se que a administração da interface – família trabalho remunerado acontece de maneira diferente, sendo facilitada ou não pelas características pessoais, familiares e profissionais vivenciadas.
Palavra chave: Maternidade tardia, Trabalho remunerado, Redes de apoio social.
ABSTRACT
“… THERE IS NOT A WAY TO WAKE UP TODAY AND SAY: TODAY I’M NOT GOING TO BE A MOTHER”: WORK, MATERNITY AND SOCIAL NETWORK
The building a professional career at the same time as pursuing motherhood and other expectations of the woman comes a conflicting relationship of roles. With this perspective, this work was developed, with the goal to characterize the differences, difficulties and possibilities in managing a paid work-family interface, for young and late mothers. Methodologically, to make the comparative study possible, the sample was divided into two groups: women who experienced motherhood at 25 years of age or less, and those who experienced motherhood after 35 years of age. The collection was made by applying a questionnaire followed by an interview. The results showed that most women who experienced maternity in youth did not plan the pregnancy, which occurred at a time when they didn’t have emotional and financial stability, which led to the need of family support. In contrast, for late mothers the pregnancy was planned for a moment when they enjoyed professional and financial stablity and even marriage, and were able to act more independently of informal support networks, once they had resources to hire services such as maids, nannies and day care. We can conclude that the management interface - family paid work takes place differently in the face of life projects, conditioned to experience motherhood, purchasing power and the access to social networks, although with limited leisure and personal time.
Keywords: Late Motherhood. Paid work. Social support networks.
Downloads
Referências
ALMEIDA, L. S. Mãe, Cuidadora e trabalhadora: as múltiplas identidades de mães que trabalham. Revista do Departamento de Psicologia – Universidade Federal Fluminense - UFF, v. 19, n. 2, p. 411-422, 2007.
ANDRADE, P. C.; LINHARES, J. J; MARTINELLI, S.; ANTONINI, M. LIPPI, U. BARACT, F. F. Resultados perinatais em grávidas com mais de 35 anos: estudo controlado. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v.26, n.9, p. 697-702, 2004.
ARAUJO, C; SCALON, C. Percepção e atitudes de mulheres e homens sobre conciliação entre família e trabalho pago no Brasil. In:Gênero, família e trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2005.
BRUSCHINI, M. C. A., RICOLD, A. M. Articulação trabalho e família: famílias urbanas de baixa renda e políticas de apoio às trabalhadoras. São Paulo: FCC/DPE, 2008.
BRUSCHINI, M. C. A Família e Trabalho: difícil conciliação para mães trabalhadoras de baixa renda. Cadernos de Pesquisa, v. 39, n. 136, p.93-123, 2009.
CABRAL, C. S. Contracepção e gravidez na adolescência na perspectiva de jovens pais de uma comunidade favelada do Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, n. 2, p.283-292, 2003
CARVALHO, I. M. M.; ALMEIDA, P. H. Família e proteção social. São Paulo em perspectiva, v.17, n.2, p. 109-122, 2003.
D`AFFONSECA, S. M. Prevenindo fracasso escolar: comparando o autoconceito e desempenho acadêmico de filhos de mães que trabalham fora e donas de casa. São Carlos/ SP.2005. Dissertação (Mestrado em Educação Especial) Universidade Federal de São Carlos, São Carlo, 2005.
DESSEN M. A. BRAZ, M. P. Rede social de apoio durante transições familiares decorrentes do nascimento de filhos. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Vol. 16, n. 3, p. 221-231, 2000.
FABBRO, M. R. C. Mulher e trabalho: problematizando o trabalho acadêmico e a maternidade. São Paulo/SP. 2006. Tese (Doutorado em Educação) Universidade Estadual de Campina-UNICAMP, Campinas, 2006.
GARCIA, A. B. Representações sociais da cultura corporal
de lazer entre mulheres auxiliares de limpeza. Revista Digital. Buenos Aires, v.10, n.5, 2005.
GASPARONI, M. M. Famílias, redes sociais e empoderamento: uma análise no programa de erradicação do trabalho infantil-Ubá/MG. Viçosa/MG. Dissertação (Mestrado em Economia Doméstica) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2007.
GOLDANI, A. M. Família, gênero e políticas: famílias brasileiras nos anos 90 e seus desafios como fator de proteção. Revista Brasileira de Estudos de População, v.19, n.1, p. 29-48, 2002.
GUEDES M. C.“Condição na família e parturição das mulheres mais escolarizadas: possíveis articulações com o mercado de trabalho”. Encontro Nacional de Estudos Populacionais, Caxambu – MG –Brasil, setembro de 2006.
IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em <http://www.ibge.gov.brhtm>. Acesso em: 25 mar. 2009.
IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Disponível em: <http://www.primeiraedicao.com.br/?pag=negocios&cod=4970>. Acessado em 09 de fev. de 2010.
KONIG, A. B. FONSECA, A. D.;GOMES, V. L. O. Representações sociais de adolescentes primíparas sobre "ser mãe”. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.10, n.2, p. 405-413, 2008.
MCGOLDRICK, M. (1995) As mulheres e o ciclo de vida familiar. In: Carter, B. & McGoldrick, M. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. Tradução de Maria Adriana Veríssimo Veronense. Porto Alegre:Artes Médicas (p. 30-64).
MEULDERS, D.; PLASMAN, R.; HENAU, J.; MARON, L.; DORCHAI, S. A Europa, condições de trabalho e políticas públicas. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, p. 611 – 640, 2007.
Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID). Tratamento/ Reinserção Social/ Definição. Disponível em: www. Obid.senad.gov.br. Acesso em: 15 de Jul. 2010.
OLIVEIRA, S. F. L. Conflitos trabalho-família e o uso de práticas de suporte instrumental em empresas fabricantes de eletroeletrônicos de Caxias do Sul. Caxias do Sul/RS. Dissertação (Mestrado em Administração) Universidade de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, 2009.
PACHECO, A. L. P. B.; DUPRET, L. Creche: desenvolvimento ou sobrevivência? Revista de Psicologia USP, v.15, n.3, p. 103-116, 2004.
PINTO, S. G. Relações entre família, trabalho e lazer: o caso dos professores da Universidade Federal de Viçosa. Viçosa/MG. Dissertação (Mestrado em Economia Doméstica) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008.
PORTUGAL, S. As mãos que embalam o berço: um estudo sobre redes informais de apoio à maternidade. Estudos de Sociologia. Revista do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPE, v. 10, n. 12, p. 185-210, 2004.
-------- Contributos para uma discussão do conceito de rede na teoria sociológica. Faculdade de Economia e Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, n.271, p. 2-35, 2007.
RIZZINI, I. Crianças, Adolescentes e suas Bases Familiares: Tendências e Preocupações Globais. In: SOUSA, S. M. e RIZZINI, I. (Coords.). Desenhos de família criando os filhos: a família goianiense e os elos parentais. Goiânia: Cânone Editorial, 2001.
RODRIGUES, M. C. Vivências da maternidade tardia, cotidiano e qualidade de vida: a perceptiva feminina. Viçosa/MG. Dissertação (Mestrado em Economia Doméstica) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008.
SCAVONE, L. Maternidade: transformações na família e nas relações de gênero. Interface Comunicação, Saúde, Educação, v.5, n.8, p.47-60, 2001.
SILVA. J. V. A. Relação trabalho e família de mulheres empreendedoras. Revista Perspectiva Contemporânea Campo Mourão. v.1, n.1, p. 1-18, 2006.
SORJ, B.; FONTES, A.;MACHADO, D. C. Políticas e Práticas de Conciliação entre Família e Trabalho no Brasil. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, p. 573-594, 2007.
TEIXEIRA, K. M. D. Perspectivas para a teorização acerca da instituição família - uma breve apreciação. Oikos , Viçosa - MG, v. 15, n. 2, p. 359-364, 2004.
TEIXEIRA, E. T. N. Adiamento da maternidade: ser mãe depois dos 35 anos-Rio de Janeiro/RJ. 1999.77f.Dissertação (Mestrado em Ciências na Área de Saúde Pública) Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1999.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista Oikos: Família e Sociedade em Debate. Deve ser consignada a fonte de publicação original. Para a disponibilização e utilização dos artigos em acesso aberto, o periódico adota a licença Creative Commons Attribution 4.0 International Public License: CC BY 4.0. Isso significa que outras pessoas podem compartilhar - copiar ou distribuir o material em qualquer mídia ou formato; adaptar - remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, desde que atribuído o devido crédito, fornecer um link para a licença e indicar se foram feitas alterações" (CC BY 4.0).
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Quanto às questões de plágio, a Oikos utiliza o software de verificação de similaridade de conteúdo – política de plágio (CopySpider) nos artigos submetidos ao periódico.
Ao submeter o artigo, o autor se compromete que os dados relatados no artigo não são resultados de má conduta ética, tais como: dados produzidos, uso indevido de imagens, falsificação, plágio, autoplágio ou duplicidade. O autor declara que nada no artigo infringe qualquer direito autoral ou de propriedade intelectual de outrem, pois, caso contrário, ele poderá responder integralmente por qualquer dano causado a terceiros, em todas as esferas administrativas e jurídicas cabíveis, nos estritos termos da Lei nº 9.610/98